1848: Marx e a luta de classes na França

Logo após a publicação do Manifesto do Partido Comunista, em fevereiro de 1848, teve início na Europa aquilo que ficou conhecido como a Primavera dos Povos. Movimentos revolucionários de caráter popular eclodiram na França, Prússia, Áustria, Itália etc. A

Neste artigo trataremos apenas do movimento revolucionário ocorrido na França, especialmente da tentativa feita por Marx para interpretar a luz do materialismo-histórico aquele acontecimento. Os principais artigos escritos por ele tratando do tema foram organizados e publicados, posteriormente, sob o título ''As lutas de Classes na França''.


 


 


A especificidade desses artigos é que eles não se propunham a analisar um modo de produção determinado ou mesmo uma formação econômico-social. Eles visavam entender conjunturas políticas específicas. Isso criava para o autor desses artigos várias dificuldades.


 



 
Sobre isso escreveu Engels numa das apresentações aos artigos de Marx: ''Na apreciação de acontecimentos e de séries de acontecimentos de história do dia-a-dia nunca estaremos em condições de recuar até as últimas causas econômicas (…) A clara visão de conjunto sobre a história econômica de um dado período nunca lhe é simultânea, só posteriormente se conquista''. E concluiu: ''Por tal motivo, o método materialista terá muitas vezes de se limitar a reduzir os conflitos políticos às lutas de interesses de classes sociais e frações de classes em presença, dadas pelo desenvolvimento econômico, e a demonstrar que cada um dos partidos políticos é a expressão política mais ou menos adequada dessas mesmas classes ou frações de classes.''


 


 


Portanto, uma das tarefas que cabe aos militantes e intelectuais marxistas é desvendar por de trás das siglas partidárias, das casas dinásticas, dos slogans, das personalidades os interesses das classes sociais, das frações de classes e das categorias sociais em luta no interior de determinada sociedade. Sabendo, ainda, que por trás dessas lutas, determinando-as em última instância, estão os fatores econômicos. Os interesses de classe não pairam livre num espaço vazio, eles têm suas raízes fincadas nas relações sociais de produção. 


 


 


Em 1815, após a derrota militar de Napoleão Bonaparte para os exércitos da reacionária Santa Aliança, foi restituído o poder para a antiga dinastia dos Bourbons  que havia sido desalojada pela revolução francesa de 1789. A monarquia semi-absolutista re-instaurada representava, no essencial, os interesses da aristocracia latifundiária semi-feudal.


 


 


Quinze anos depois, em julho de 1830, o povo de Paris, pela segunda vez, pôs abaixo o poder monárquico despótico. Apesar de ter nascido no bojo de uma revolução popular, o novo governo que assumiu se constituiu como uma monarquia constitucional burguesa, tendo à cabeça Luís Felipe de Orleans.


 


 


Neste governo, afirmou Marx: ''não era a burguesia francesa que dominava. Quem dominava era apenas uma fração dela: os banqueiros, os Reis da bolsa, reis do caminho-de-ferro, proprietários de minas de carvão e de ferro e de florestas e uma parte da propriedade fundiária aliada a estes – a chamada aristocracia financeira. Era ela quem ocupava o trono, que ditava leis nas Câmaras, quem distribuía os cargos públicos desde o ministério até à administração dos tabacos''.


 


 


formava, graças os limites imposto pelo sufrágio censitário, uma minoria no parlamento. Era uma oposição que se tornava mais aguerrida à medida que aumentava a crise econômico-financeira e acentuava-se a ''dominação exclusiva da aristocracia financeira''. Colaborava, também, para a desenvoltura oposicionista de certos burgueses o fato de ''julgarem assegurada a sua dominação sobre a classe operária depois dos motins afogados em sangue de 1832, 1834 e 1839''. Os de ''baixo'' pareciam não constituir uma ameaça imediata à ordem burguesa. 


 


 


A pequena burguesia urbana e os camponeses, por sua vez, estavam ''totalmente excluídos do poder político'', não tomavam parte do ''bloco no poder'' e se colocavam no campo da oposição oficial e clandestina à chamada Monarquia de Julho. Muitos desses pequenos burgueses iriam animar os clubes revolucionários parisienses.


 


 


Em 1847 a economia da Europa atravessou algumas crises. A primeira foi a da agricultura. As más colheitas ocasionaram a elevação dos preços dos produtos alimentícios. A fome se alastrou e ocorreram conflitos sangrentos em vários países, especialmente na França. A miséria popular contrastava com o fausto demonstrado pela monarquia e sua elite financista. 


 



A situação foi agravada com a crise geral do comércio e da indústria na Inglaterra, o principal país capitalista da época. O fechamento dos mercados ingleses, incluindo os de suas colônias, levou a uma crise da economia francesa. A grande indústria foi obrigada a concentrar-se no comércio interno e isso, por sua vez, quebrou os pequenos industriais e comerciantes. A média e a pequena-burguesia em concordata se radicalizavam e aderiam ao projeto revolucionário.


 


 


A crise econômica, escreveu Marx, ''tornou ainda mais insuportável a dominação exclusiva da aristocracia financeira. Em toda a França, a burguesia oposicionista promoveu agitação de banquetes por uma reforma eleitoral que lhe permitisse conquistar a maioria na Câmara dos Deputados e derrubar o ministério da Bolsa''. Os banquetes foram a forma encontrada para burlar as determinações legais que proibiam manifestações públicas.


 


 


A oposição não-operária, no fundamental, se dividia em dois grandes partidos políticos que se organizavam em torno de dois jornais: O Nacional e A Reforma. O primeiro era o órgão da burguesia republicana e traduzia os interesses de sua fração industrial; o segundo era o órgão da pequena burguesia democrática e seus maiores expoentes eram Ledru-Rollin e Luís Blanc.


 


 


No Manifesto do Partido Comunista Marx e Engels defenderam que, no processo revolucionário francês, se fizesse uma aliança entre os comunistas e o ''partido democrata-socialista''. Engels, em uma nota ao Manifesto, esclareceu que o ''Partido democrata-socialista'' ao qual se referiam ''estava representado no Parlamento por Ledru-Rollin, na literatura por Luís Blanc, na imprensa diária por La Reforme''.


 


 


Para a burguesia republicana a luta de classe era um grande mal-entendido produzido pelo absolutismo. A República e o sufrágio universal poriam fim a esta confusão, transformando todos em cidadãos livres e portadores de direitos iguais. Muitos socialistas ingênuos, como Luís Blanc, acreditavam nisso e defendiam a República Democrática como panacéia para todos os males do capitalismo.


 


 


A oposição oficial burguesa resolveu convocar um novo banquete para o dia 22 de fevereiro. Ali se exigiria a reforma eleitoral e fim do ministério encabeçado por Guizot. Os seus promotores estavam longe de pretender iniciar qualquer revolução. O governo, no entanto, proibiu a sua realização e a burguesia, prudentemente, resolveu recuar. Era tarde demais. As sociedades secretas, compostas de pequeno-burgueses e operários, foram para as ruas protestar. Elas estavam dispostos a ir muito mais longe que a burguesia.


 


 


Naquela mesma noite estouraram conflitos entre o povo e tropas do Exército. Ergueram-se barricadas por toda Paris. A Guarda Nacional, composta por membros da burguesia, recusou-se a reprimir o levante popular. O destino da Monarquia de Julho e o poder exclusivo da aristocracia financeira estavam selados. A revolução triunfava mais uma vez.


 


 


A burguesia, que compunha a oposição parlamentar, rapidamente procurou formar um novo governo. Num primeiro momento nem mesmo cogitou derrubar a dinastia e proclamar a república.  Foi o povo nas ruas que impôs a entrada dos demais setores oposicionistas no governo, incluindo os representantes do proletariado e da pequena-burguesia urbana. Foram também os operários em armas que impuseram ao governo provisório a proclamação da República e o sufrágio universal. Segundo Marx ''ao ditar a República ao Governo Provisório (…) o proletariado passou imediatamente ao primeiro plano como partido autônomo e, ao mesmo tempo, desafiou contra si toda a França burguesa''.


 



''O governo provisório que se ergueu nas barricadas de Fevereiro, continuou Marx, espelhava necessariamente na sua composição os diferentes partidos entre os quais se repartia a vitória. Não podia, pois, ser outra coisa senão um compromisso das diferentes classes que, conjuntamente, tinham derrubado o trono de Julho, mas cujos interesses se opunham hostilmente. A grande maioria se compunha de representantes da burguesia. A pequena-burguesia republicana estava representada por Ledru-Rollin e Flocon; a burguesia republicana por gente do National (…) A classe operária tinha apenas dois representantes: Louis Blanc e Albert''. Este último seria o primeiro operário a participar do primeiro escalão de um governo.


 



Diante das primeiras vacilações do governo provisório e a desconfiança de que ele não atenderia aos interesses sociais do proletariado, novamente dezenas de milhares de operários cercaram a sede do governo e exigiram o ''direito ao trabalho'' e a constituição de um ministério especial do trabalho. Em outras palavras, os operários exigiam a instauração de uma República social. A República que surgia foi obrigada a se apresentar como ''uma república rodeada por instituições sociais'', numa clara concessão ao proletariado parisiense.


 



''A contragosto e depois de longos debates, escreveu Marx, o governo provisório nomeou uma comissão especial permanente encarregada de encontrar os meios de melhoria da classe trabalhadora''. Uma comissão especial foi nomeada. Os socialistas Louis Blanc e Albert foram indicados para dirigi-la. Dela ainda participariam os delegados das corporações profissionais. Mas, visando afastá-los do centro real do poder, à comissão foi destinado o Palácio de Luxemburgo. Esta Comissão ''diferentemente de qualquer poder estatal profano não dispunha nem de orçamento nem de poder executivo. Era com a cabeça que tinha de derrubar os pilares da sociedade burguesa'', ironizou Marx.


 



Mesmo assim a burguesia olhava com desconfiança – como fruto da luta operária – aquele espaço institucional.


 



A Comissão de Luxemburgo era aos olhos da burguesia conservadora uma verdadeira aberração. Era como um testemunho – uma marca – que o proletariado parisiense tinha deixado no poder político que nascia. Era preciso que a República burguesa fosse apenas uma República burguesa e que as conquistas operárias fossem eliminadas.


 


Para conseguir isso foi construído um plano maquiavélico. O primeiro passo foi tentar cindir o proletariado. O governo criou a chamada Guarda Móvel, composta por 24 batalhões cada qual com mil milicianos que eram, em geral, recrutados entre o chamado lupemproletariado. Este era para Marx, ''uma massa rigorosamente distinta do proletariado industrial (…) gente sem ocupação definida, vagabundos, gens sans feu et sans aveu''. Pagavam-lhe um salário e ''davam-lhe uniforme próprio, isto é, distinguia-os exteriormente dos homens de blusa de operário''.


 



O governo organizou também as Oficinas Nacionais. Estas eram na verdade ''frentes de trabalho'' formadas por operários desempregados. Ganhavam salários aviltantes por serviços pouco qualificados – e mesmo de pouca utilidade. Em pouco tempo mais de 100 mil operários se inscreveram para trabalhar. Diante do desemprego e da fome, esta parecia a única opção. 


 



As Oficinas Nacionais foram criadas à margem – e contra – a Comissão de Luxemburgo. Malandramente o Ministério de Obras, dirigido por Maris, adotou para elas o mesmo nome de um antigo projeto elaborado por Louis Blanc. Usou apenas o nome, pois a proposta original de Blanc estava baseada nas cooperativas de produção – as fábricas falidas passariam para as mãos dos operários. Portanto, de fato, as Oficinas nada tinham de socialista. Esta confusão ainda seria amplamente utilizada pelos conservadores. 


 



A crise financeira do Estado continuava. Quem deveria pagar por ela? O governo provisório não teria condição de jogá-la nas costas do proletariado ainda em armas e nem queria que a burguesia fosse molestada com novos impostos. Afinal, ele queria ser o seu representante, guardião dos seus interesses.  A saída foi aumentar a tributação dos camponeses. ''Os camponeses, escreveu Marx, tiveram que pagar as contas da revolução de Fevereiro e neles a contra-revolução ganhou o seu material mais importante''.


 



A grande burguesia e a aristocracia agrária saberiam manobrar o descontentamento camponês contra a ''República social'', sinônimo de socialismo, jogando a culpa pelos impostos extorsivos à esquerda parlamentar e aos operários parisienses. Diziam aos quatro ventos que os camponeses trabalhavam duro, e eram espoliados, para sustentar os vagabundos das Oficinas Nacionais e da Guarda Móvel – invenções socialistas. Preparava-se, assim, o terreno para o esmagamento do proletariado parisiense.


 



A eleição para a Assembléia Nacional Constituinte foi a mais democrática já vista na Europa até então. Pela primeira vez foi aplicado o sufrágio universal masculino. Todos os Partidos puderam concorrer, até o de extrema-esquerda. Mas a massa da nação francesa – composta de pequenos proprietários – intoxicada pela propaganda anti-socialista, sufragou os candidatos da burguesia conservadora. Até os candidatos do Reforme – representantes da pequena-burguesia democrática com leve verniz socialista – foram derrotados. Ledru Rollin e Louis Blanc foram eleitos, mas com um número pequeno de votos. Em 4 de maio tomou posse a Assembléia Nacional.


 



Ela ''rompeu imediatamente com as ilusões sociais da República de Fevereiro e proclamou sem rodeios a República burguesa como república burguesa, única e exclusivamente''. Foi composta uma nova Comissão Executiva sem os representantes do proletariado, Louis Blanc e Albert, e se fechou a Comissão de Luxemburgo. Um dos novos ministros revelou o segredo: ''Trata-se agora apenas de conduzir o trabalho às suas antigas condições''. A burguesia estava ávida para deter o carro da revolução e impor à ordem a Paris.


 



Numa última tentativa de deter a contra-revolução, em 15 de maio, os operários tentaram dissolver a força a Assembléia Constituinte. Fracassaram e seus líderes, entre eles Augusto Blanqui, foram presos. Existem fortes suspeitas que os revolucionários caíram numa armadilha montada pelos conservadores.


 



Mesmo sabendo da manifestação a guarda da Assembléia não foi reforçada e várias pessoas suspeitas de pertencerem à polícia se destacaram ao conclamar a derrubada do governo e a constituição de um outro governo provisório, agora socialista. Isso foi usado amplamente pela burguesia para demonstrar que o proletariado não respeitava a legalidade e a vontade das urnas.


 


A burguesia, amedrontando os setores médios, gabou-se de ter conseguido debelar um golpe de Estado comunista contra a República e o direito de propriedade. Continuava em marcha os planos para o esmagamento do movimento operário e socialista de Paris. Era preciso provocar ainda mais o proletariado parisiense, levá-lo à uma nova insurreição e depois esmagá-la sem piedade. 


 



Da tribuna parlamentar os deputados burgueses se revezavam nos ataques verbais aos operários. Denunciavam as Oficinas Nacionais – e os poucos benefícios sociais – como medidas paternalistas e nocivas ao erário público. A primeira provocação contra as Oficinas foi a mudança na forma de pagamento dos salários, que deixou de ser diário e passou a ser por produção.


 



Depois foi limitado o ingresso de novos desempregados e passaram a ser deslocados para obras de aterro no interior os operários que não eram nascidos em Paris. Por fim, se expulsou das Oficinas os operários solteiros, forçando-os a se incorporar no exército. Era o prenúncio de algo ainda mais radical, o fechamento das Oficinas Nacionais e a demissão de mais de 100 mil trabalhadores. Isso veio a ocorrer em 22 de junho. Para a classe operária se colocou o dilema: morrer de fome ou se sublevar. A Paris proletária novamente se viu coberta de barricadas.


 



A Comissão Executiva foi dissolvida pela Assembléia Constituinte e se outorgou o poder para um ditador militar: o general Cavaignac. Ele já havia mostrado seus dotes ao sufocar os levantes tribais contra a ocupação francesa na Argélia. Depois de esmagar os ''bárbaros'' africanos, tratava agora de esmagar os ''novos bárbaros'' que surgiam no coração da Europa: o proletariado.


 



Aos operários das Oficinas Nacionais juntaram-se as demais categorias de trabalhadores: mecânicos, ferroviários, carpinteiros, pedreiros etc. Mas, estavam praticamente sem direção, pois a grande parte dos seus líderes havia sido presa após a tentativa fracassada de pôr fim a Assembléia Constituinte.  Foi dessa maneira, sem líderes experientes e sem direção unificada, que teve início ''a primeira grande batalha entre ambas as classes em que se divide a sociedade moderna. Uma luta pela manutenção ou destruição da ordem burguesa''. Foi nessas barricadas parisienses que apareceu, pela primeira vez, ''a audaciosa palavra de ordem revolucionária: Derrube da burguesia! Ditadura da classe operária!''


 



Contra os operários foram mobilizados o Exército, a Guarda Nacional e a Guarda Móvel. Esmagavam os insurgentes aos gritos de ''viva a República!''. Uma República que fora conquistada pelos próprios operários em luta. No conflito, todas as demais classes se colocaram nos campo da contra-revolução.  Em 26 de junho caiu o último reduto da resistência operária, o bairro de Saint Antoine. Era o fim da insurreição de junho.


 



Nos combates morreram cerca de 800 pessoas, mas foram fuzilados sumariamente mais de três mil prisioneiros. No total 25 mil insurgentes foram presos e destes 3.500 seriam desterrados para longínquas colônias francesas.  ''A revolução de Fevereiro, desabafou Marx, foi a revolução bela, a revolução da simpatia universal (…) A revolução de Junho foi a revolução feia''.  Ela representou o fim da ilusão sobre a possível harmonia entre as classes sociais. Foi a trágica comprovação de que a luta de classes não era um simples mal-entendido que a República democrática poderia corrigir.


 



Marx escreveu: ''Só empapada no sangue dos insurretos de Junho a bandeira tricolor se tornou bandeira da revolução européia – a bandeira vermelha! E nós gritamos: A revolução morreu! Viva a Revolução!''. No entanto, ele sabia que uma vitória definitiva da classe operária francesa era impossível naquele momento. Julho só poderia ser um ensaio geral das lutas de classe futuras. ''O proletariado foi obrigado pela burguesia à insurreição de Junho. Já nisto havia a sentença que o condenava. Nem a sua necessidade imediata e confessada o levava a querer derrubar violentamente a burguesia, nem estava à altura de tal tarefa'', afirmou ele.


 



A derrota dos operários representaria à curto prazo a derrota da própria República francesa. Derrotado o proletariado a burguesia cairia nos braços da reação. Seus próprios representantes – os republicanos burgueses-, passaram a ser vistos com desconfiança. A grande consigna da reação burguesa seria Ordem! Nem que para isso fosse necessário abrir mão do exercício direto do poder político e entregá-lo a um novo Napoleão. De fato, depois de algumas escaramuças inclusive com a burguesia, Louis Bonaparte restauraria o Império burguês na França.


 



Sobre a iminência de uma revolução proletária na França e mesmo na Europa, Engels afirmaria décadas mais tarde: ''a história não nos deu razão (…) nessa altura o nível do desenvolvimento econômico de modo algum estava amadurecido para a eliminação da produção capitalista''. O capitalismo em 1848, continuou, ''ainda tinha grande capacidade de expansão. Foi precisamente esta revolução industrial (…) que criou uma verdadeira burguesia e um verdadeiro proletariado da grande indústria ao mesmo tempo que os fazia passar ao primeiro plano do desenvolvimento social''.


 



A polarização entre a burguesia e o proletariado se reduzia à Inglaterra e, excepcionalmente cidades industriais, como Paris e Lyon.  Na Europa de meados do século 19 a classe operária industrial representava ainda pequenas ilhas de modernidade num mar de camponeses e pequeno-burgueses. A era das revoluções proletárias ainda não havia começado, mas ela já se anunciava nas barricadas operárias de Paris.


 


Para ler as duas partes do artigo ''Marx e Engels e a revolução alemã de 1848'', clique nos links abaixo:



Marx e Engels e a Revolução Alemã de 1848 (parte 1)


Marx e Engels e a Revolução Alemã de 1848 (final)


 


Bibliografia


 


Agulhon, Maurice – 1848: O aprendizado da República, Ed. Paz e Terra, SP/RJ., 1991
Buonicore, Augusto – ''Marx e Engels e a Revolução Alemã de 1848'' in Princípios, nº 54, 1998
Efimov N. – História Moderna, Ed. Novos Rumos, SP, 1986
Marx, Karl – As lutas de classes em França, Edições Avante!, Lisboa, 1984
Marx e Engels – Las revoluciones de 1848, Fondo de Cultura Econômica, México, 1989

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